São muitas as razões que me levam a visitar Serralves com frequência: uma nova exposição, uma festa, um concerto ou a simples vontade de me sentar num recanto do parque para ler um pouco. Mas de todas, a que me dá mais prazer é levar alguém — familiares, amigos, conhecidos — à Fundação pela primeira vez. Adoro acompanhá-los na descoberta do museu do Siza, da casa Art Déco, e do enorme parque, e aproveito sempre para partilhar o que aprendi acerca de Serralves nos poucos meses em que lá trabalhei, há doze anos. Esta última ida aconteceu no fim de semana do S. João, quando uma boa amiga veio do Algarve para me visitar, fazer uma ronda rápida pelos pontos obrigatórios da Invicta e cair na folia junina de martelinhos em punho.
Na tarde de sábado, andávamos nós a passear no jardim, deparei-me com o Renato a ler na esplanada da Casa de Chá. Este Professor na Universidade Federal Fulminense e Coordenador Académico no OPLOP (Observatório dos Países de Língua Oficial Portuguesa), veio a Portugal para participar num colóquio na Universidade Nova de Lisboa e tirou, depois, uns dias de folga para ir até ao Porto, cidade que visita sempre porque é descendente de portuenses. Frequentador assíduo da Fundação de Serralves, o Renato tinha acabado de visitar a exposição "Locus Solus. Impressões de Raymond Roussel", a primeira grande mostra sobre o poeta, dramaturgo e romancista francês que, entre o final do século XIX e o início do século XX, influenciou movimentos artísticos de vanguarda. Daí a leitura de "Impressões de África", o romance de Roussel que tinha entre mãos quando nos conhecemos.
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