E porquê a Coreia do Norte? Simplesmente porque um dia, no meio da rotina habitual imposta pelo trabalho e tantos outros compromissos, lhe passou pela cabeça a possibilidade de lá ir. E foi assim, imediatamente, que se deixou seduzir por essa "ideia mirabolante, pelo tamanho dessa empresa" e pela vontade de criar um texto capaz de transmitir aos leitores o que é estar naquele país, de escrever um livro que os levasse também até à Coreia do Norte e concretizar, dessa forma, o objetivo principal da literatura de viagem.
Ontem, com o seu estilo simples e caloroso, sempre sorridente, José Luís Peixoto levou todo o auditório até àquele país longínquo e reviveu, durante cerca de hora e meia, alguns dos episódios mais marcantes dessa viagem ainda tão recente, ainda tão viva na sua memória: o requinte absoluto do culto aos grandes líderes e a forma como essa veneração condiciona todos os aspetos da vida pública e privada dos norte-coreanos; a dúvida constante sobre toda a informação fornecida pelas autoridades (ainda a semana passada a agência noticiosa norte-coreana anunciou que tem provas da existência de unicórnios no país...); a visita a uma aldeia onde não eram vistos estrangeiros desde 1953 e o pânico que a visita causou por entre os seus habitantes; a fauna e a flora intactas; a total ausência de poluição; as evidentes carências alimentares da população; a quase inexistência de comércio (em Pyongyang, por exemplo, há apenas duas lojas); os veículos militares movidos a lenha e a carvão ou as refeições em que se serviram cão frito e sopa de cão.
Um livro que vai direto para a minha lista de leituras a fazer muito em breve!
3 comentários:
Gosto tanto do José Luís Peixoto. Do que escreve, do que sente, do que mostra. Tanto, mesmo...
Também estive lá. E ao ler isto fiquei a pensar se a autora do AO não seria a pessoa que estava sentada à minha frente a tomar notas e que no início me perguntou se eu tinha uma caneta... Seria? ;)
Olá ichigochi! Confirma-se, era mesmo eu. :)
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