quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Yang & Anni Baobei


Depois de termos passado o dia a visitar o Templo do Lama, o Templo de Confúcio e de termos deambulado por ruas apinhadas de gente que compravam incenso e amuletos ou comiam iguarias servidas por vendedores ambulantes, eu, a N. e a M. pegámos nas nossas bicicletas e fomos em busca de um restaurante para um almoço já tardio. Seriam umas 17h quando nos sentámos para comer. A meio da refeição a M. recebeu um telefonema da rádio portuguesa com a qual colabora. Pediam-lhe que entrasse em direto na emissão para uma entrevista, o que nos obrigou a procurar um local mais calmo. No restaurante, famílias inteiras, grupos de jovens e empregados levantavam as vozes numa algaraviada incompreensível e ensurdecedora, que ainda estranho. Se há coisa que se constata assim que se chega à China é que os chineses falam muito alto. 

Voltámos, a pedalar, a um café tranquilo e aconchegante em Guozijian (rua do Templo de Confúcio), onde já tínhamos feito uma pausa nesse mesmo dia. Tinha comentado com as minhas companheiras de passeio que aquele seria o local ideal para a minha primeira foto de um leitor em território chinês, mas não tive essa sorte. À falta de gente agarrada a livros, fotografarei detalhes do espaço e os dois ou três gatos mimados que por ali vivem. Mas mais uma vez tudo aconteceu como se já estivesse escrito. Como se eu tivesse de voltar àquele lugar. Graças à entrevista em direto da M. — que falaria para Portugal num programa matutino, quando em Pequim o dia estava a acabar — eu pude conhecer a Yang.

Sentada no fundo da sala, na companhia de uma bebida quente e abrigada das temperaturas negativas que faziam lá fora, a Yang lia um romance da sua autora favorita: a chinesa Anni Baobei. Porque teve a oportunidade de estudar em Londres, foi-nos possível entendermo-nos perfeitamente em inglês. Contou-me que o livro versava sobre uma espécie de história de amor, mas também sobre religião, nomeadamente o budismo. A meu pedido, arriscou uma tradução literal do título para inglês: "Sleep in Emptiness and Peace" (algo como "Dormir no Vazio e em Paz").

Deixei-lhe um marcador, claro. E também um sincero desejo de que pudesse, um dia, ver este post. Na China o acesso ao Blogspot e ao Facebook são proibidos. Mas pelo menos por email farei um esforço para que nos mantenhamos em contacto. 

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