Em Macau há um jardim que tem o nome do nosso poeta. E se havia lugar onde eu queria fotografar alguém a ler era ali. Mal entrámos vi-o e a emoção foi muita. Aproximei-me: "Do you speak english?". Respondeu que não, abanando a cabeça. "Português?", arrisquei. Outro gesto negativo. E eu que queria tanto, mas tanto aquela fotografia... Investi de novo e, com uma mistura de palavras soltas — photo, you, read, book — e gestos enfáticos, pedi-lhe que me deixasse fotografá-lo. Sorriu, aquiesceu e retomou a leitura enquanto eu pressionava o disparador várias vezes. Tremiam-me as mãos e falhava o foco. Só depois de ter conseguido pelo menos uma boa imagem é que lhe entreguei o marcador. E mais uma vez palavras soltas: "photo, you, internet". Ver-se-á algum dia no Acordo Fotográfico? É provável que eu nunca venha a saber.
6 comentários:
Linda fotografia, excelente texto.
ah, AF! as saudades que eu tenho do tempo em que me tremiam as mãos...
não me parece que no seu caso isso ainda aconteça...
:)
grouchomarx
A verdade é que ainda acontece, Ricardo...
E que livro lia, conseguiu saber?
Olá Rui, a comunicação foi tão difícil que nem me atrevi a perguntar o que o senhor lia. Contentei-me em fazer a foto.
As boas recordações que uma foto nos consegue transmitir ... Há una bons anos atrás estive, exactamente, neste famoso jardim de Macau, quando o msmo ainda pertencia a Portugal ...
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