quinta-feira, 20 de março de 2014

Salvador da Bahia — Albérico & a Bíblia
Salvador da Bahia — Albérico & the Bible


Cheguei à Igreja do Senhor do Bonfim a tempo de ouvir os últimos acordes da música tocada durante a missa. O sol estava a pôr-se. Era a minha terceira visita. Já cá tinha estado em duas viagens anteriores. Contudo, é sempre com espanto que se admira a fachada do monumento e a paisagem sobre Salvador vista deste morro bem alto. Um fim de dia perfeito prestes a tornar-se ainda mais perfeito: na paragem de táxis em frente à igreja vejo o Albérico com um livro nas mãos e quando me aproximo para lhe perguntar o que lê diz-me que é a Bíblia. A Bíblia, finalmente! O livro dos livros. Aquele que, pela sua carga histórica e simbólica, eu mais queria fotografar. "Sou católico não praticante", explicou-me, "mas a minha família é, vai na missa todo o dia. Eu vou na missa esporadicamente. Os meus pais eram bastante católicos. Fui criado dentro da igreja". Eu também costumo dizer que sou católica não praticante, mas perante o que o Albérico me contou depois, o meu catolicismo ficou reduzido a nada. Porque embora não praticante, o Albérico lê diariamente e sem falta a pagela do Sr. do Bonfim, um salmo e o evangelho (naquele dia: Lucas, capítulo 11; versículos 29 a 32). Depois faz a oração do mês (março), do dia (sempre a S. Jorge) e a novena. "Mas veja só a coincidência de ter vindo falar comigo" disse, "as pagelas trazem sempre um pensamento e o de hoje diz o seguinte: A pessoa que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre a pessoa que não sabe ler". E a mim pareceu-me quase milagroso que uma citação de Mark Twain sobre a leitura surgisse magistralmente para rematar a nossa conversa. Uma conversa a propósito da Bíblia, o livro primeiro. Obrigada Senhor do Bonfim. 

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I arrived at Senhor do Bonfim Church just in time to ear the last chords of the music played during mass. The sun was setting down. This was my third visit. I had been here in two previous journeys. Although, it always amazing to admire the frontispiece of the monument and the landscape over Salvador seen from this really high hill. A perfect end for the day about to become even more perfect: at the taxi stop in front of the church I see Albérico with a book in his hands and when I get closer to ask him what he is reading he tells me it is the Bible. At last, the Bible! The book of books, the one that due to its historical and symbolic significance I most wanted to photograph. "I am a non-practising catholic", he explained me, "but my family is, they go to church everyday. I go to mass now and then. My parents were very catholic. I was raised in church". I also use to say that I am non-practising catholic, but after what he then told me my Catholicism was reduced to nothing. Because although non-practising, Albérico reads every single day the Sr. do Bonfim prayer card, a salm and the gospel (on that day: Lucas, chapter 11; verse 29 to 32). Then he reads the prayer of the month (March), of the day (always to Saint George) and the novena. "Look at the coincidence of you coming to talk to me" he said,  "the prayer-cards always have a thought and the one of today says like this: The person that doesn't read good books has no advantage over the person that can't read". And to me it seemed almost like a miracle that a quotation of Mark Twain about reading came up masterfully to end our conversation. A conversation about the Bible, the first book. Thank you Senhor do Bonfim.

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