terça-feira, 27 de maio de 2014

Timor-Leste — Ana, na Praia dos Portugueses
East-Timor — Ana, at the Portuguese Beach


Timor-Leste tem 12 anos. É um país pré-adolescente que não larga o telemóvel, gosta de novelas coreanas, conduz uma mota, vai ao único shopping para comer no único MacDonald's e define o seu caráter sobre a riquíssima história dos seus antepassados (que não rejeita), os traumas da ocupação indonésia (que não quer esquecer), os anos de luta e resistência (que lhe servem de inspiração) e a certeza de um futuro melhor (a que os petrodólares não são alheios). Acho que foi isso que mais invejei aos timorenses, esse sentido de esperança que Portugal perdeu. Em Timor-Leste havia muito pouco e consta que os indonésios, na sua retirada, destruíram o mais que puderam. Por isso, em Timor-Leste está quase tudo por fazer e nesse caminho longo de crescimento a ajuda internacional, mais ou menos desinteressada, tem tido um papel preponderante. A comunidade de expatriados em Dili, trabalhadores com contratos ou voluntários, é muito grande. Os australianos são os que existem em maior número. Mas também há portugueses, norte-americanos, neozelandeses, chineses e até filipinos, como é o caso da Ana, que vive e trabalha em Dili desde 2006. "Não sei quanto tempo mais ficarei por cá. Julgo que enquanto houver trabalho. Mas todos os anos vou às Filipinas uma ou duas vezes", disse-me. Encontrei-a a ler na Praia dos Portugueses, na véspera de Domingo de Páscoa, quando decidi caminhar até o topo do promontório onde existe uma estátua do Cristo Rei. Estava a ler "The Farmer's Wife", um romance muito simples, como a própria Ana o definiu. "Senti-me seduzida pelo personagem e pela história. Gosto de personagens extraordinários e realistas. Até nos filmes a minha preferência vai para histórias simples". Esta engenheira de profissão diz não ter muito tempo livre para os livros, mas que quando pode lê. Era o caso daquele fim de semana prolongado. "Fui trocar livros ali no hotel da praia. Deixei dois e trouxe outros dois". Para quem lê pouco, não é nada mau.

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East Timor is 12 years old. It is a pre-teenager country that can’t stay away from mobile phone, likes Korean soap operas, drives a motorcycle, goes to the only shopping mall to eat at the only MacDonald’s and defines its character on the rich history of its ancestors (that it doesn’t rejects), the trauma of Indonesian occupation (that it doesn’t want to forget), the years of struggle and resistance (that inspire it) and the certainty of a better future (the petrodollars have a lot to do about it). I think that was what I envied the most in the Timorese, this sense of hope that Portugal has lost. In East Timor there was very little and reportedly the Indonesian, at the time of their withdrawal, destroyed as much as they could. So, in East Timor almost everything has to be done and in that long growth path international assistance, some with more interests than others, has had a leading role. The expatriate community in Dili, workers with contracts or volunteers, is quite big. The Australians are the ones in larger scale. But there also Portuguese, North-Americans, New Zealanders, Chinese and even Philippines, like Ana, that lives and works in Dili since 2006. “I don’t know how long I will stay here. Maybe until there is work. But every year I go to thePhilippines once or twice”, she told me. I found her reading at the Portuguese Beach, the day before Easter Sunday, when I decided to walk until the top of the promontory where there is a Statue of Christ. She was reading “The Farmer'sWife", a very simple novel, like Ana herself described it. “I felt seduced by the character and by the story. I like extraordinary and realistic characters. Even in films my preference goes to simple stories”. This Engineer says she doesn’t have much free time for books, but she reads when she can. That was the case of that long weekend. “I went to exchange books there at the beach hotel. I left two and brought other two”. For someone who reads very little, it’s not bad at all.

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