Na passada sexta-feira tive o prazer de assistir, em Matosinhos, ao lançamento de "Somos Todos Um Bocado Ciganos", o novo romance de Manuel Jorge Marmelo. A apresentação esteve a cargo de Germano da Silva, conhecido jornalista portuense, que ao ler o livro regressou aos tempos de infância, nos longínquos anos da Segunda Guerra Mundial, quando ainda se rendia ao fascínio do circo e convivia com os ciganos que acampavam temporariamente num terreno da sua avó. "Cheio de ensinamentos" e "escrito por um autor maduro" foram alguns dos elogios que Germano da Silva teceu ao romance, cuja leitura recomendou com entusiasmo.
Manuel Jorge Marmelo, por seu turno, contou-nos que quando partiu para este livro não tinha ideia nenhuma. Tinha acabado de escrever "Uma Mentira Mil Vezes Repetida" e no compasso de espera, enquanto percebia se aquele texto merecia ser publicado, viu na televisão uma reportagem sobre uns ursos de circo abandonados. Esse foi o momento em que sentiu que queria escrever sobre um circo, um circo decadente, e explorar a contradição que sempre achou haver entre o brilho do espetáculo e a realidade por detrás dos panos. Os ciganos, enquanto personagens, surgiram mais tarde, depois de ter assistido a um documentário sobre aquela comunidade que muito o impressionou. Foi aí que o seu circo decadente se transformou não só num circo de ciganos, mas também numa micro-sociedade onde se vivem exatamente as mesmas tensões, conflitos e paixões que vive toda a humanidade.
Por fim, sublinhou que este "Somos Todos Um Bocado Ciganos" é igualmente uma homenagem a tudo aquilo que os portugueses são — um bocado ciganos, um bocado judeus, romanos ou visigodos — e a todas as culturas que passaram pelo nosso território. Diz Manuel Jorge Marmelo que a consciência da nossa mistura pode ajudar a que nos demos todos melhor e que este romance é o seu pequeno contributo nesse sentido.
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