terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fernando, em defesa da poesia portuguesa


Na segunda-feira a seguir à abertura da exposição do Acordo Fotográfico, voltei ao Quintal Bioshop para colar um pequeno cartaz em formato A4 na porta da loja. Foi então que me deparei com o Fernando que dava as últimas garfadas no almoço e se preparava para ler enquanto terminava o copo de vinho tinto e tomava um café. O livro que tinha como companheiro era "Depois da Música", do poeta Luís Quintais, o terceiro volume da coleção de poesia da Tinta da China coordenada por Pedro Mexia. Diz o Fernando que aprecia imenso os livros desta coleção: para além de promoverem bons poetas, considera-os objetos muito bem conseguidos, com boas capas e bom papel. Leitor habitual de poesia, o Fernando afirma gostar muito da obra de Luís Quintais, mas faz questão de mencionar também o poeta Miguel Manso, cujo título "Supremo 16/70" o fascinou. "É uma coisa fabulosa, esse livro! Uma homenagem ao avô. Lindíssimo. Uma das coisas mais maravilhosas que foram publicadas nos últimos tempos", afirma. Mas os elogios deste leitor não se estendem apenas a Miguel Manso e Luís Quintais. No seu entender "temos poetas de primeira grandeza, em qualquer época da nossa História e do mundo" pelo que lamenta que se leia tão pouca poesia em Portugal e que alguns destes livros tenham tiragens que não vão além dos 250 exemplares... "E só lê poesia?", perguntei. Não, o Fernando não lê apenas poesia. Lê também livros de História e muita ficção. "O último romance que li foi "A Infância de Jesus", do Coetzee", esclareceu. "Um livro muito interessante sobre três figuras rebeldes. A rebeldia é lindíssima."

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On the Monday after the opening of the exhibition of Acordo Fotográfico, I went back to Quintal Bioshop to put up a small poster on the store door. Then I saw Fernando who was taking the last bite at his lunch and prepared himself to read while finishing his glass of red wine and drinking a cup of coffee. The book he had as a partner was "Depois da Música", from the Portuguese poet Luís Quintais, the third volume of the poetry collection from Tinta da China editions, coordinated by Pedro Mexia. Fernando says he really likes the books of this collection: besides promoting good poets, he thinks they are very well accomplished objects: with good covers and good paper. A usual reader of poetry, Fernando claims he really likes the work of Luís Quintais, but he makes a point to also mention the poet Miguel Manso, whose title "Supremo 16/70" fascinated him. "That book is a wonderful thing! A tribute to his grandfather. Beautiful. One of the most wonderful things published in recent time", he claims. But the compliments from this reader go beyond Miguel Manso and Luís Quintais. In his point of view "we have first class poets, in any time of our History and in the world" so he regrets that  few poetry is read in Portugal and that some of these books have editions limited to 250 copies... "And you only read poetry?” I asked. No, Fernando doesn´t just read poetry. He also reads History books and a lot of fiction. "The last novel I read was "The Childhood of Jesus”, from Coetzee, he stated. “A very interesting book about three rebellious figures. Rebelliousness is beautiful." 
Translated by Marisa Silva

2 comentários:

Majo disse...

Que bigode simpático tem este Fernando!
Tem razão em relação à poesia portuguesa. Neste momento parece que em Portugal, só se contam tostões!
Mas acima de tudo, tem ideias e sugestões deliciosas que nos transportam para o mundo de saudáveis emoções...

Eduardo de Brito Castela disse...

"A Infância de Jesus", do Coetzee, ouvi falar muito bem. Acabei de ler "A desgraça" e adorei. Acho que vou ler mais de Coetzee.